terça-feira, 27 de abril de 2010

S.U.S.

Sensação de sufocamento, penso que vou morrer. Ofegante, ligo para Cá. E peço: por favor, compra um bombinha de bronquite pra mim. A guria não aceita. Vamos ao hospital mais próximo: 3 quadras em 30 minutos. A cada dois passos páro. Ando convalescente. Meu pulmão dói. Minhas entranhas dóem pelo esforço. Chegamos ao hospital. O médico, por dentro da porta de vidro, me vê com menos interesse do que olhava os pedaços de carne humana nas aulas de anatomia. Sou indigente, sou fraca, sou mulher, sou pobre, visto roupas simples. E o nosso doutor pergunta: "Ela tomou alguma SUBSTÃNCIA?" enfatizando o substância como droga ilícita. Eu respondo indignada: NÃO! e penso: porra, meu ... eu to aqui sem respirar, pensando que vou morrer e esse imbecil ainda desconfia que estou drogada? eu vou morrer mesmo! O doutor confirma: "tem certeza de que não está usando substância?" vira as costas e vai embora.

Estou cansada de ver nos noticiários gente que morre nas portas dos hospitais. Falta de estrutura física, falta de estrutura de pessoal. FALTA DE ÉTICA TAMBÉM. DOS POLÍTICOS SIM, DA EQUIPE MÉDICA SIM, E DA SOCIEDADE TAMBÉM. Porque aqueles que conhecem os direitos, têm seus direitos assegurados pelo dinheiro, investindo em atendimentos privados. E aqueles que não conhecem os direitos, ou conhecem e não têm como protestar, estes... se ferraram...

Nenhum comentário:

Postar um comentário